Meningite: Doença pode levar ao óbito em 24 horas. Vacinação é essencial para prevenir
A meningite meningocócica é a principal causa de meningite bacteriana no Brasil. Ela é uma consequência da infecção por um dos quatro tipos mais comuns da bactéria meningococo: A, C, W, Y e B.
A doença geralmente evolui de forma rápida e pode levar à morte 24 horas após o início dos primeiros sintomas, devido principalmente à meningococcemia (ou septicemia – inflamação exagerada, que pode causar a falha de diversos órgãos), o que não é raro de acontecer.
A meningite meningocócica pode acometer qualquer pessoa, contudo os mais atingidos são as crianças e os adolescentes (estes, são os principais transmissores do meningococo e, mesmo quando não adoecem, podem transmiti-lo, sem sequer saber).
A vacinação é a forma mais segura de prevenir a meningite meningocócica!
As vacinas menACWY e menB são recomendadas pelas sociedades brasileiras de Imunizações (SBIm) e de Pediatria (SBP) e pelo Ministério da Saúde (MS). Saiba mais no tópico Vacinação.
Sintomas, letalidade e sequelas
Principais sintomas da meningite meningocócica:
- febre alta e repentina;
- dor de cabeça intensa;
- irritabilidade em menores de 2 anos;
- rigidez do pescoço (em maiores de 2 anos);
- vômitos;
- sensibilidade à luz (fotofobia);
- confusão mental.
Meningites meningocócicas no Brasil
São quatro os meningococos que causam a doença meningocócica no Brasil: B, C, W e Y
Graças aos programas de vacinação contra o meningococo C ao redor do mundo, têm-se conquistado grandes avanços no combate a este sorogrupo.
No Brasil, o Ministério da Saúde conseguiu reduzir em mais de 90% os casos provocados pelo tipo C em menores de 2 anos. Nesta faixa etária, assim como entre adolescentes, passou então a prevalecer, proporcionalmente, o meningococo B.
A importância do meningococo W também vem crescendo em todo o país, com destaque para a região sul − principalmente em Santa Catarina −, onde, a partir de 2019, ele passou a ser um dos principais responsáveis pelos registros em crianças e adolescentes, respondendo por cerca de 20% dos casos.
O meningococo W já é responsável por cerca de 43% dos casos de meningite meningocócica no mundo.
Considerando todas as faixas etárias, o tipo C ainda é o mais prevalente na população, o que justifica a estratégia de vacinação da saúde pública (Ministério da Saúde).
Contudo, para a proteção de cada indivíduo, a SBP e a SBIm recomendam que a preferência, sempre que possível, seja pela vacina menACWY, tanto no primeiro ano de vida quanto nos reforços, devido à proteção mais completa. As sociedades médicas também recomendam a vacinação com a menB.
Maior risco devido à pandemia
A pesquisa “Vacinação contra meningite: os efeitos da pandemia”, ouviu cerca de 5 mil responsáveis por crianças e adolescentes no Brasil, Alemanha, Argentina, Austrália, Estados Unidos, França, Itália e Reino Unido.
O levantamento identificou que 94% deles consideram a vacinação contra meningite importante. Contudo, por conta do isolamento social, do medo de contrair covid-19 ou por estarem cuidando de pessoa infectada pelo novo coronavírus, 50% (56% nos países europeus) adiaram ou suspenderam essa vacinação.
Apesar de compreensível, esse comportamento cria as condições necessárias para a ocorrência de surtos, já que o atraso no início da vacinação ou na conclusão do esquema de doses, amplia o número de pessoas vulneráveis.
A meningite meningocócica é facilmente transmitida por pessoas portadoras da bactéria no nariz e na garganta, na maioria das vezes adolescentes assintomáticos.
Vacinação
Indicações
- As vacinas menACWY e menB são recomendadas pelas sociedades brasileiras de Imunizações (SBIm) e de Pediatria (SBP) para a vacinação de rotina de crianças a partir dos 3 meses de idade e adolescentes.
- A SBIm também recomenda a vacinação de adultos e idosos com doenças crônicas que aumentam o risco para infecções (pessoas que apresentam disfunção do baço ou que vivem com HIV e ainda as imunodeprimidas seja por doença ou tratamento, entre outras).
- O Ministério da Saúde recomenda e disponibiliza gratuitamente as vacinas menC, para crianças com até 4 anos, e a menACWY apenas para adolescentes de 11 a 14 anos.
Saiba mais na tabela “Doses de vacinas meningocócicas”, abaixo.
Reforço: proteção a longo prazo
O uso de vacinas conjugadas contra a doença meningocócica permitiu reduzir a incidência nos países onde a estratégia foi adotada, graças à excelente eficácia dos imunizantes − em média, mais de 95% dos vacinados ficam protegidos.
No entanto, essa proteção não é para toda a vida. Da mesma forma que acontece quando a pessoa teve a doença, com o tempo, os níveis de anticorpos caem e há perda da proteção conferida pelas vacinas meningocócicas conjugadas (MenC ou MenACWY), o que leva à necessidade de reforços vacinais.
Até o momento, não há recomendação de reforços da vacina menB, exceto para pessoas com disfunção do baço (ou ausência desse órgão) e pessoas com imunodeficiência primária que cursam com deficiência do complemento.
Atenção especial aos adolescentes
Alguns fatores contribuem para que adolescentes tenham um risco aumentado de aquisição de doenças preveníveis pela vacinação. Dentre eles, estão:
- comportamentos sociais envolvendo contato próximo;
- não vacinação na infância;
- perda da proteção conferida pelas vacinas administradas na infância.
Tabela Doses de vacinas meningocócicas
A vacinação contra a meningite meningocócica é indicada para crianças a partir de 3 meses de idade, adolescentes e adultos de risco para a doença. Confira as recomendações na tabela.